DOIS POEMAS DE ANDREA MORAES

 









MULHER-MARAVILHA

 

Onde está ela, a mulher-maravilha?

Encontrei-a na rua falando sozinha.

Só via solidão, armas, estupros.

Cansada de tanta lucidez,

passou a comer sua própria fantasia.

 

BLASFÊMIA

 

Descansei, com resignação e exuberância

na fecunda doçura das relações.

Os prazeres, soltei-os das minhas mãos

como alguém que desembrulha a velhice.

 

Apaguei luzes, encolhi espaços,

as bocas sem maldade ou pecado;

ativei perdões, alegrias e sucessos

e desfiz, a ninguém, todo bem que pude

 

Que a realidade erga blasfêmias em sussurros

e limpidez de presença e proximidade.

No meu corpo, que sempre foi feliz,

exibindo-me as explícitas erupções

de bens que distribuí, com consciência

Pelos ricos males que nunca fiz

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