TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

 












OGUM PODEROSO, PODEROSO

 

Ogum

abra os caminhos para mim

 

só ele, só ele, só ele

está na casa,

campo e alfândega.

 

os maus ventos e a insônia

tire-os de mim

não seque a minha mão

(que eu não seja pobre)

 

só ele em pé em pé

come feijões brancos,

come caracóis.

 

Ogum

dos barbeiros come pelos das pessoas

dos tatuadores bebe o sangue

dos açougueiros come carne

dos ferreiros tem ranho no nariz

 

só ele, só ele, só ele

mata e desaparece

o transeunte indiscreto.

 

Ogum três ferros

títulos na forja

a enxada que abre a terra

(para enterrar vocês)

 

só ele em pé em pé

apodera-se de mim,

poderoso, poderoso.

 

SE UM CHORÃO PODE CHORAR, PARA EXU É DIFÍCIL

entra à força

quer brigar

grita

guerra no gueto

 

de calças curtas

o guardião do portal

endireita o torto

entorta o direito

 

briga com alguém

encontra o que fazer

 

procura o porrete

 para ajudar

 o trabalhador

 

diante do portal

dorme

durante 3 anos

 

se ele partir

cubra-me

com um pano branco

 

gente demais

fala mal de mim

 

inclino-me a exu

 

MINIMAL

 

*

 

soul

samba

 

 

*

 

boca seca

desafina

tom

 

interrompido

arquiteta

silêncio

 

lágrima

caída

no chão

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