TRÊS POEMAS DE SANDRO SILVA
DESERTO INAUDITO
Na vastidão de teus ouvidos
um deserto inteiro, intenso
onde meus gritos
rasgos rasantes de desejo
flutuam sem direção
e se perdem pelo caminho
no vento arenoso do desprezo.
Tento em vão resgatá-los
busco por referências
invado territórios hostis
persigo pistas instáveis
apalpo espinhos expostos
tudo em vão.
Desorientado,
busco por proteção
no encalço de tua sombra
e aguardo insistente
o chamado disforme
do meu próprio eco.
CHÃO BATIDO
Paraíso prometido
sonhado, enaltecido
por capricho
ou por descuido
perdido
Arrancado, subtraído
ao acordar
assim, por acaso
sem ao menos ser
conhecido
Nexo impedido
cortado o fio
bloqueado o fluxo
nada mais a ser
retransmitido
Esqueça o pedido
ou o que foi escrito
o passado não é mais
o que haveria de ter
sido
Refaça os fatos
caso
não faça
sentido
Se aprume
não perca o rumo
terra à vista!
chão batido
Levante e insista
há muito por ser
combatido.
DESEJO EXPANDIDO
Sobre minhas asas
penas poucas.
Como hão de suportar
tamanho desejo
que me cobre
de voar?
Sob minha pele
sangue pouco.
Como há de circular
tamanha necessidade
que me inunda
de pulsar?
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