UM POEMA DE DIRCE CARNEIRO


 











PLANTÓN


Entro como óvulo

fecundado

sêmen, espírito fecundo

penetro no útero-

abrigo

terra árida, que o amor ara

 

Gesto,

tempo de espera.

Sugo da Mãe-Terra

seu leite vital

atávicos elementos

de outras eras

-- talvez vulcões terremotos

fósseis de antepassados

memórias celulares

onde enterrei a semente

 

Chuva e sol

lua e dias

séculos regam o plantio

 

E broto, emerjo do solo

saúdo o Universo.

 

Tenho sede e fome

de recém-nascido.

Choro e grito

 

Estou nua.

Um corpo me abriga.

Lavam-me da terra,

limpam o pó

de onde vim

e voltarei.

 

Cobrem-me de corpo,

um corpo de outra mãe

humana

 

Comentários

  1. Sempre uma alegria, uma surpresa, ler, num espaço especial como este, uma poesia, desta que também sou eu, fora de mim do cotidiano, quando, ainda envolta na realidade crua, dou asas à outra eu, inserta na Poesia, dar sentido aos dias...

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