UM POEMA DE GRAZIELA BRUM



NINHO

 

Ao chegar da noite,

a casa se alarga

em sombras projetadas.

Da minha perspectiva,

tudo já se une

ao meu corpo.

Embalo-me na rede

sob o céu da Amazônia

 

Duas horas da manhã:

a lâmpada acesa

na parede

pisca uma vez

em segundos,

eletricidade acaba.

 

Chuva no breu;

aves malacafentas

soltam grunhidos,

farfalham folhas selvagens

 

Levanto-me

com a lanterna na mão.

Aponto o foco

de luz

pelo entorno.

 

Quero ver o mistério,

mas já sou eu

meu próprio culto

secreto.

 

Ali, sou minha própria casa

e assim me protejo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

OITO POEMAS DE SIDNEI OLÍVIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO