UM POEMA DE LOURENÇA LOU

 











BANALIDADES

enquanto no campo

fogo invade paisagem

em minha cama

arde uma centena de sóis


da janela vejo evaporar pedras

ponto de virada das sombras

andar pulado dos gatos

- vadios como eu queria me sentir


bando de maritacas

espanta a inércia

que me prende aos trezentos fios

meu corpo soçobra

à beira da desesperança

a palavra toma forma estranha

em minha vontade de alcançá-la

- quase uma espada

de gravura encomendada


sobre meu coração uma prancha de surf

um piano

uns olhos felinos me comendo

aquele amor de verão

- recordações


hoje adoraria amar um argentino

talvez um russo

ou aquele nordestino paulistano

um poeta

a quem pouco importasse

a banalidade dos meus versos


abraçar uma poesia

que conhecesse a fome dos meus dias.

 

Arte: Luiza Maciel Nogueira

 

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