UM POEMA DE LOURENÇA LOU

 









FLORIANÓPOLIS

 

penduro-me na janela como carolina de chico. o bando de maritacas insulta a mudez de meus olhos. perfume italiano me lembra do tempo em que sombras eram sonhos. tempo em que me olhava em espelhos de jezabel. já fui muito apaixonada por mim.

 

volto ao computador com a inutilidade da caneta entre dedos. olho minhas pernas. não há poesia em meus joelhos. o poeta insiste em meus poemas de corpo. o noticiário revida: a morte ronda com sua boca de dentes incertos: de um lado mil cairão, de outro morrerão dez mil. sem arca de noé, sobreviveremos: toda peste passará, o país mudará de mãos.

 

preparo a máscara, várias gargalhadas e um pé de poesia. não vou me render à morte da vez, ainda que ela coloque cadeiras à minha disposição. vou ao encontro do sol de florianópolis. lá onde os medos se desconstroem e recria-se o inusitado do salto.

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