DOIS POEMAS DE CELSO VEGRO
RÉSTIA
No corpo
que não se atreve lutar
sucumbe a chama.
Faísca apagada
não traz luz
nem medo das árvores.
Na rara latitude
ecoam súplicas
dos semivestidos.
O que nunca dorme
estica coberta puída
na esplanada escarlate.
Lona esticada
desfeita fumarenta
no meio fio inteiro.
MIRADA
Mariposas empreendem voo
em céu cego
ao suspiro do vento.
Pássaros invisíveis
despertam de seus ninhos
em doce aturdimento.
Rãs coaxam
acompanhando violino
apenas rosa.
Flor de tom impreciso
na sala de espelhos
traz gozo inexplicável.
Mundo desvanecido
de vozes tragadas pela terra
forma som melodioso.
Paralisado pelo império
das cintilações bailantes,
iridescente respondeu:
silêncio.
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