DOIS POEMAS DE NARA FONTES
SUPERQUADRA
fruto tecido em silêncio
carne tenra
tempero a solidão
ruído de menino crescendo
o velho oculto
no adulto apressado
o tempo sorri
o acerto de contas
nem conta o quanto
o instante ensina
a quadra adormece
sem escutar as árvores
chorando sementes
PANDÊMICA SAGA
O raio que atravessa a copa em flor
Decide despertar no tempo a aurora
Tingindo a verde relva sedutora
Em dourado retoque promissor
Dobram os sinos plenos em clamor
Prometem retomar o fio da hora
E, de longe, acompanham a opressora
solidão apartando-se da dor
Perderam-se pedaços impensados
Multidões perpassadas pela lança
Recolhem seus destroços maculados
Repicam os tambores da bonança
Enchem-se de ar peitos sufocados
na travessia lenta e pouco mansa
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