UM POEMA DE CARLO FABRIZIO

 







QUANDO OS PEIXES VOAVAM

Quando criança

minha brincadeira

preferida

era sonhar.

Nos meus sonhos,

eu podia,

com a pontinha

dos dedos,

pinçar a lua

e trazê-la

só para mim.

 

Nos meus sonhos

eu brincava

num rio

em que os peixes

voavam.

 

Havia um eterno

pôr-do-sol

o arco-íris

existia até de noite;

minha casa

era de chocolate

e meus livros

feitos de biscoito.

Eu amava devorá-los.

 

Mas nem tudo

era doce;

eu também

tinha sonhos

ruins.

Ao despertar,

me esforçava

em sonhar acordado,

para criar

um final feliz

ao meu pesadelo.

 

Meu pai dizia

que quem sonha

acordado

é tonto...

Vai ver é por isso

que gosto tanto

deste meu mundo

que girar sem parar.

Ele dizia

que tinha era

que trabalhar...

Mal sabia o trabalho

que dá inventar

um sonho acordado.

 

Quando criança

me perguntavam

do que eu gostava

de brincar.

Não respondia,

tinha vergonha

de ser um sonhador;

Então perguntavam

o que eu queria ser

quando crescesse.

Eu dizia

que não queria ser,

eu já era.

 

Eu queria ser criança;

todos riam, sem entender.

 

Para parecer inteligente

eu me corrigia,

dizendo que seria astronauta;

aí aplaudiam, sem saber

que eu queria

era poder viajar

para outras luas.

 

Hoje tenho meu trabalho,

não sou astronauta

nem nada parecido,

mas continuo sonhando,

e meu sonho mais gostoso

é sonhar que sou criança.

 

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