UM POEMA DE FABÍOLA LACERDA
um cajado em flor,
uma mulher cindida em peixes
um tridente de
prata, uma rede de algas verdes
um bar de balcão
vermelho na madrugada
uma lata
enferrujada que corta, xícaras sem pires
um cadeado sem
chave, um barco sem leme
um trem que passa
feito nuvem na ferroviária
ariadne de giorgio
de chirico deitada
na praça deserta,
no chiaroscuro de volos
a rua deserta, a
darkness'n'lights em nighthawks
da nova iórque de
hopper
eros desvela a alma
que dorme em sacrifício
ariadne que dorme embriagada, o abandono
o abandono, a
solidão que embriaga, o nada
a procura pelo
outro, a pele, um fosso escuro
a busca desesperada,
o silêncio, a devassidão
o fosso escuro dos
olhos de netuno, o escuro
os olhos de iemanjá
que não olham para trás
os pensamentos
oxalá não alcançam o mar
o encontro com o
nada, a luminescência do vazio
o mergulho em si
mesmo, a solidão do prazer
e o quanto há de
silêncio no escuro da solidão
a solidão da morte,
um maremoto no escuro
Tela: O mito de
Ariadne de Giorgio de Chirico
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