UM POEMA DE JOSÉ COUTO


 











SOLILÓQUIO

          

       “A gente não morre. Fica encantado”. 
                            Guimarães Rosa                                                                        

A canção ecoa no precipício
Seu canto ermo e triste,
quer celebrar o frio.

Seu desejo é levar-nos,
fazer a travessia ou nos perder
em escuro labirinto.

Sopra tênue gelado fio de aço
em meu ouvido
Se diz irremediável.

Nenhuma certeza ou esperança a move, 
Sua música entoa o canto letárgico,
Inevitável.

Tempo sem tempo marcado.
Ulisses, herói sombrio a vaguejar.
O sertão: redemoinho, encruzilhada.

Morte: odisseia épica e nos reinventar.
Somos seres espirituais
retornando ao lar.

 Arte de Artur Madruga

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