UM POEMA DE SIDNEI OLÍVIO
AURÉOLA DE REMORSOS
tarde da noite
esse par de olhos
dilatados (ínfimo círculo
de lucidez).
fixada na paisagem
a lua derrama tímida luz
somada ao poste.
claridade que não basta
às sutilezas do corpo
nem às palavras encadeadas
vestidas de versos.
tanto quanto é longa
a verdadeira noite
(num dia pleno de ocasos)
que não possa o verbo
– dissonante –
deformar o poema
afeito ao silêncio.
sequer deveria
rasurar a folha e desejar
o brilho das pedras
quando cada dor
requer dor própria
cada objeto de desejo
se apega ao escuro.
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