UM POEMA DE EDIR PINA DE BARROS

 












Gente-bicho


Recuperado
o pergaminho dos tempos,
restauradas
outras camadas
muito mais antigas
por detrás dos mitos,
a origem das origens.

Tempo em que bicho era gente
e gente era bicho
e se refletiam nos espelhos
das águas do perspectivismo.

Somente os xamãs,
que sabem voar
nas asas dos ventos,
falar a língua das onças
e dos mortos,

podem traduzir
seus sentidos.

E recolocar,
através dos ritos,
a pretérita humanidade
dos bichos,
a animalidade dos homens
gente-bicho-gente-bicho
na circularidade dos tempos
na reflexão sobre a vida.

Outro olhar
sobre o outro
sem as lâminas
da barbárie.

 

 

 

 

 

 

 

Oh! Pátria Amada!


Oh! Pátria Amada! Minha Mãe gentil!
Tua memória traz, em si, tristeza,
pois muito já custou tua grandeza,
dos povos teus, mataram mais de mil.

Oh! Mãe gentil! Por que tanta avareza?
Contém o gesto bruto, a mão hostil,
e o genocídio, tão inglório, vil,
teus filhos querem atos de nobreza.

Garante, aos povos índios os direitos,
- que já se mostram poucos, tão estreitos -  
em nome da justiça e da memória.

Contém a dura mão que a tudo esmaga,
que aviva, no teu seio, a enorme chaga
que mancha, para sempre, a tua história.

 

Edir Pina de Barros

 

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