UM POEMA DE JOSÉ COUTO
MINAS DE ANDRADE
o vento ventando
na folha amarelou
a eternidade no
chão
o tempo rodando
soprando
e girando sementes
do sim e do não
vou chegando em
alta voltagem
conjugando pingos
de chuva
sou artesão e faço
perguntas
minha caligrafia
nuvens
caindo cada vez
mais leve
perdi a chave rara
de abrir
na rocha a água do
mar transmuta
em minas ondas
são montanhas
é fora é dentro
em todo lugar
ebó ipilé ebó
iku
no cafundó em
monjolos
na cachoeira
quilombinho
em calunga córrego
cachimbo
congo velho calundu
cafundão
no cafuringa do
cafua
nas pedrinhas do
rio angu
nas margens do rio
calindo
procuro a chave
rara de abrir
na rocha a água do
mar translúcida
em minas ondas
são montanhas
é fora é dentro
em todo lugar
ebó ipilé ebó
iku
tem caxambu em
muzambinho
pimenta roxa na
serra do maribondo
tambor na chapada
da zabumba
ervas causos e
iorubá e nagô gege mina
mandinga e haussá
banto angola e congo
quicongo cabinda e
cabinda zabumba
vou chegando em
alta voltagem
conjugando pingos
de chuva
sou artesão de
perguntas
minha caligrafia
nuvens
caindo cada vez
mais leve
encontrei a chave
rara de abrir
na rocha a água do
mar segreda
em minas ondas
são montanhas
é fora é dentro
em todo lugar
ebó ipilé ebó
iku
jose couto
p/ poeta Carla Andrade
Arte Criola
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