DOIS POEMAS DE CLAUDIA SLAVIERO

 









MATÉRIA

 

não sou ossos,

etérea, espádua

 

folhas caducas,

botões e brotos.

 

perene,

sou y-mb-u,

seiva e visgo.

 

seios de fruto

morder, sugar;

 

torrente d’água,

y-paranã

de levar barcaça;

 

de afogar, banhar

e matar sede.

 

não luz efêmera,

mbae-tatá,

centelha;

 

delírio de yu-rema

mulher-da-lua         

 

***

 

após as batalhas, armistício, não a paz.
outros voltaram às famílias, mas ele permanecera – subterrâneo - afeito ao serpentário; por alimento, a fetidez da infâmia e a prece dos sepultados; por comitiva, em cada algar, a candeia de um astro.

 

rebentos de seu sangue – cantos que ferem e embalam aos que vagam fora, olhos ardendo no breu, e que a si chamam puros; sentenças aos amores plenos

e violações – flauta de bambu e espada.                                    

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