DOIS POEMAS DE NARA FONTES
PRAIA.
PÔR-DO-SOL
na linha do infinito
um grão de areia
despede-se do tempo
não o impedem
a noite, nem o dia
ondas lavam cristais
riscados pela aurora
levados na maré
revelam diálogos
cravados na memória
pegadas na areia
denunciam companhia
chegadas e partidas
espelham faces
acordam sentidos
na solidão sem volta
uma gaivota
anuncia o entardecer
enquanto estrelas-do-mar
sinalizam o caminho
FIO
CONDUTOR
abrem-se vãos
que separam mundos
caminhos levam ao caos
onde o fio condutor se rompeu?
onde a lança distrai o
tolo
e rasga a carne?
bárbaros profanam
altares
olhos cegos de ambição
cintilam moedas de
troca
por almas pagãs
onde o tolo rasga a
carne
e distrai a lança?
onde o fio condutor?
bárbaros erguem altares
ao profano
mãos preparam a terra
acasalam sementes
com flechas de açucena
distraem a carne do
tolo
que fere a lança
aos bárbaros deixam
o altar profano
pintam o rosto de
urucum
à espera
do encontro final
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