TRÊS POEMAS DE JOSÉ RICARDO
DE UM DÍSTICO UTERINO
em choro
irrompe sangue
cava um buraco
serve a pele
de um bode
espada em riste
o chão
não serve
da vala
espada em riste
só o choro
de anticlea
VARIAAÇÕES SOBRE SÍMILE
caixa de fósforo
palitos queimados
como a parafina
de uma vela votiva
como pregador
a comer o pão ázimo
como pássaro em visgo
embeiçado em azeite
como cilício a crismar
o silêncio devoto
como mortalha
à espera da carne
***
rubi rubra
a poltrona
encarnam nádegas
paredes brancas
no silêncio da graxa
as pernas
prolongam
o caminho
das coxas
carnes-fole
amontoam o estofado
aveludado à espera
no cine privé
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