UM POEMA DE CELSO VEGRO
DAR DE BEBER AOS MORTOS
I
Palavra é matéria
buraco na parede
vestígio deixado
mortos que teimam
em viver
enquanto limam
as barras da prisão
para enfim
experimentarem
o corpo.
II
No mar
da consciência
não hesita
em navegar
a barca
de Caronte.
III
Bastam as feridas
todas
que ninguém
curaria
para fazer o corpo
(e suas desunidas
partículas)
flutuarem.
IV
Quitar a morte
com frações de carne.
Mera intenção
em adiar memórias
renunciando ao passado.
V
Monocórdico sopro
ecoa
sob teto apodrecido
de tábuas escorraçadas
desfeitas
em grandes bocados.
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