CINCO TANKAS DE CELSO VEGRO

 









Choro da manhã

faísca silêncio

tapete treme.

 

No copo de barro

mora meu café.

 

***

 

Vereda serpenteia.

canindé faz ninho

oco do buriti

 

Teto não acoita

desabrigado na noite.

 

***

 Passadeira de flores

é júbilo do ipê,

matizando betume

 

Vento brusco

enxuga suor.

 

***

 Névoa delirante

sequestra raio solar

alaranjando alvorecer.

 

Encerrada colheita,

restos agonizam.

 

***

 Ruínas barram horizonte

quando odor da fome 

reflete no espelho.

 

Torrão de açúcar

burla amargor.

   

 *** 

Choro da manhã

faísca silêncio

tapete freme.

 

Olhar-se no espelho

não desnuda o amanhã.

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