UM POEMA DE SÁVIO DE ARAÚJO




COEXTENSO

Ainda que úlceras
manifestem-se gloriosas
em sonhos encarcerados

serei um homem sóbrio.

O que reinvindica o poder
da carne lasciva à imaginação
em devaneio.

Essas entranhas moles crescem
por asfixia. É preciso nunca ter sabido
respirar como dominado.

Assim mirei o horizonte,
restaram vermes perseguidos.

Ali, sendo menos que era,
busquei uma causa até recair
no amor a essa praga autoimposta.

E agora os temperos crescem
vertiginosos em minha boca.

As horas desdobram-se
fractais em cada página
de cada livro.

Leio na correspondência
de escritores as poucas coisas
fundamentais.

Os instantes me pertencem
e respiro finalmente em seus
passos disformes.

Sinto hoje vãos no tempo
onde posso guardar a noite
deixando que palavras se cumpram.

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