Dois poemas de Fabíola Lacerda




















NIX


não sou nuvem por quem sonha o rio

nem água nem ar

nem a aurora do dia que principia

sou as horas que os ponteiros do relógio assinalam

a terra que áspera se pisa

o chão que se sulca e semeia

a realidade dura e repetitiva

a rotina

o rosto que quando sorri verdeja

que quando chora mata

e ninguém te conhece como eu

recebo teu suor e tuas lágrimas
recebo tuas preces

recebo teu corpo

dissolvo teu corpo

dissolvo teus sonhos

teus medos

sou tua vida

sou teu fim

antes de deus

o breu

nix


*

HACHURAS


você pediu que olhasse bem nos teus olhos

olhei em direção a teus olhos

detive-me nas hachuras sob teus olhos

não há verdade em teus olhos

não há mentira em teus olhos

você sabe que quando olho nos teus olhos

só vejo a poesia de teus olhos

nas olheiras sob teus olhos

nas sombras sob teus olhos

o espaço e o tempo sob teus olhos



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO