Um poema em prosa de Márcia Friggi




 

Escorrego, exausta, pelas paredes rumo a asfixia da noite. Em vão tento manter-me à tona. Deslizo para o meu exílio de ansiolíticos. Escuto o som de restrições e da estreiteza das minhas possibilidades. Nada mais me compete. Não caibo na mulher que fui e não me enxergo nas manhãs que me aguardam, tão vazias de mim. Sinto o galopar do sangue. Fúria e agonia. Pressinto o brilho ácido da lâmina em carne viva. Permaneço inerte, encolho-me no útero das horas. Sou uma planta escura à beira do abismo. Fecho os olhos para o que me dói da vida e explode em mim a dor de não viver.

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