UM POEMA DE FLAVIANO VIEIRA


Homens com cheiro de árvore
absorvem bem as alucinações reais das raízes
e os hálitos árperos de disformes galhos
que se propoem a comer gramas nada interessadas em certezas deslizantes.
Homens com cheiro de árvore
preferem os desdizeres que não sabem nem se exigem saber.
No caule mesmo dos encontros inventados da desrazão
presenciam invenções.
Os braços de pegar seguram sentidos
e a busca de reflexos soltos em luz é destino traçado
nessa intimidade se ultrapassa o tamanho das coisas
em busca de seus segredos sem sentido.
O caminho percorrido é sorte de Ulisses em busca de Ítaca depois de Troia incendiada.
As trilhas traçadas envolvem buracos
e deles surgem imagens enigmas que resgatam
e traduzem símbolos invisíveis de matéria
em concertos de poesia
No fim é sempre perseguição de buracos da memória
que abrem e fecham como bocejos da terra.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO