UM POEMA DE VAGNER GAVIÃO

LETAL

Como cabeças de hidras
que ressurgem decepadas
sigo como um vírus,
replicando vez após vez
num toque ou sussurro.

Em voracidade, avanço
programado para procurar
e destruir, inumeráveis
vezes, sem controle.

Transmuto lágrimas
em estocadas.

Torno mais amarga
a desilusão.

Flerto com o ordinário
enterrado nos beijos
e abraços da rotina
calma, exasperante.

Hoje sucumbo ao espelho
e vejo que o vendaval
onde passou, derrubou.
Recordo que a enxurrada
onde correu, escavou.

Força bestial, indomável
alucina em diferente dor
quanto mais esgota
tanto menos a fome sacia.
Janto farrapos de subterfúgios:
choro, me corto, vomito,
ao fim vejo mais um insano
A cavalgar a verdade
que não enxergou.

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