UM POEMA DE JOSÉ COUTO E CARVALHO JUNIOR

 


 
















TOTEM V
 



a insustentável caligrafia da pele,
sublimado sopro do silêncio-grifo:

o pássaro se estica no barco da nuvem,
acendem-se os apitos da floresta íntima.



grava a ave uma flauta no firmamento
com a brasa de sua áspera plumagem?

ou tinge de ecos azuis noturnos a concha
encostada dentro, inquieta, cicatrizando?



a terceira margem, as palavras imprecisas,
o que foi árduo e lapidou, a incessante luz:

o horizonte bebe um feixe de sol adornado
com lâmpadas brancas de surubins e xexéus.  



quantas águias e faraós no farol dos olhos dela?
quantas serpentes domadas em nossos lábios?


quantos adágios nos inundam de labirintos e gozos?
quantos ruídos de fel no caminho rompendo névoas?


ARTE: Artur Madruga.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO