UM POEMA DE LUCIANA BARRETO

 







BRUMADINHO


Neste abraço de lama de dor

mais mortos estendem os braços

mais homens de rosto calcinado

estouram suas veias de minérios

    de calos


Neste abraço de lama de dor

gigantes do níquel do ferro

deitam suas quilhas cruéis

    obscenas

sobre mil mãos em súplica

sobre mil olhos vidrados


Neste abraço de lama de dor

mais vidas somam ruínas

e sumimos mais um pouco

– vexados miseráveis miúdos


Neste abraço de lama de dor

até o pranto emerge seco

até o grito avança pra dentro

e nenhum deus se faz morada


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO