UM POEMA DE MARLI FRÓES

 








ACORDES


Dedilhados em cordas vibráteis -

nos lábios-fendas,  a deslizar as dobras, dobrões - 

arrancam  músicas selvagens:  gemidos, sussurros


composição melódica acorda  homens e  mulheres  

na fonte primeira


Nas suas cifras de acordes, dispõe os dedos, as mãos - nessas casas-carnes -

a pingar notas que descem pelas coxas

e tocam o prepúcio em   flor hirta


A nota raiz encontra moradia alquímica de líquidos-sons-fragrâncias

tônicas, diminutos...


Em minutos...

acordes aumentados, inflados, graves, 

vibrações flutuantes


Corpo elétrico, espasmódico

em    gozo

samba, blues, afroreggae

Regue a boca, com o beijo

encontre os sonetos de Neruda  e siga até Aletenjo


Retome esse coração 

em percussão

  as mão, os dedos, a língua,  o cheiro ...


teclas brancas, pretas

lambidas, ressuscitam Mozart


sinfonias  dizem  que a vida  (não) tem conc(s)erto!

Então cabe a púbis (rasuras, ranhuras)

- arteira! – principiar o triangular de pernas, braços com a pop art


Comentários

  1. Muito bom poema. A tessitura da música com a carne, do carnal com o musical, ficou excelente. Um monumento vá Eros. Parabéns.

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  2. SONETOS que merecem efusivos aplausos..Grande abraço, Sílvia Araújo Motta.(Recanto das Letras, CAPPAZ e da ABRASSO.)

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  3. Poema de valorização " aos acordes vibráteis" que "acordam homens e mulheres". Fantástico! Parabéns! Sílvia Araújo Motta.( do Recanto das Letras, da CAPPAZ e da ABRASSO.)

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