DOIS POEMAS EM PROSA DE JORGE AMÃNCIO


 






MICHAEL JACKSON DO PANDEIRO 

juntou uns reais foi misturar chiclete com banana, acarajé com mcdonalds, transformar o habitat natural em música. jack soul brasileiro dança freneticamente a cada nota de desfalque e escândalos.

pandeiro e samba desfilam com um brother na cento e nove, com a cueca sobre as calças, um colete prateado, um sotaque e um pandeiro na mão.

sem superstição guardou o colete prateado, solenemente retirou a cueca sobre a calça, com sotaque tirou o jackson.

michael do pandeiro um brasileiro anônimo sem jackson, com seu pandeiro comprado no brechó da trezentos e sete.

 

...me diz quanto foi...me diz quanto foi?

...me diz quanto foi...me diz quanto foi?


TUDO AZUL

 desabrigados na fila dos olhos azuis, afroameríndios aguardam no último vagão, apartados. barrigas alugam mães azuis que fogem com os bebês. clarões de cogumelos ditam os caminhos desumanos dos destinos.

crânio manipula marionete-serpente midiática no salão azul da casa-grande. com garras, bicos, rodas e cabeças enormes, pássaros-azuis nunca serão marionetes.   

ardiloso, crânio abandona a marionete-serpente para ser engolida pelos pássaros-azuis. sem matar, sem morrer, o crânio lava as mãos, demoniza os pássaros, vira o herói-azul atrás da capa da hipocrisia.

pássaros dos olhos azuis acuados cagam para reinos, pompas, frescuras e sangue-azuis. cagam ogivas nas cabeças deles. a terra incendida vagueia pelo espaço.

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filhos da destruição encontram cristo redentor no fundo do mar, trincados de malícia reerguem a cruz e religam os olhos azuis do redentor.


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