DOIS POEMAS DE MÁRCIA TIGANI
TSURU
Vem trazida pelo
vento
a incerta dobradura
e plana como inseto
de incerto sobretudo
Veios, linhas
medianas
cada fio tem sua
nervura
forma oca e sulcada
da cabeça ao ventre
escuro.
Fina camada cortada
de celulose sem
ranhura
Nas asas a alma é
leve
articulada a um rosto
duro
E flutua qual folha
fita, em fina
tessitura
aragem do passado
presságio de futuro.
FOGO-FÁTUO
Dois corpos nus sobre
terra
tingem-se de vermelho - argila
.
Um rio corre em
silêncio
quase num voo de
pássaro
.
Suas águas sujas de sangue
-- Puitan! aponta o menino
Pulsam fauna e flora
à margem do Iguaçu
Rio Negro, Rio das onças
Jaguari a engolir mata
Não ressoam maritacas
Nuvens-nimbos retirantes
.
A tarde estéril tremeluz
à longa jornada noite adentro
.
Recende na hidrosfera
odor de ceifar ossos
Ausência, caminho imenso
de réstia de luz :dia- luz
.
Ungir
testa, boca e peito
mascar erva amarga e resistir .
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