DOIS POEMAS DE NARA FONTES
A DAMA
difusa dama
flana
pelo caminho
sob seus pés
a relva
e a cabeça
da serpente
em seu plano
não cabem
sobejos
andrajos
de impostores
rastros
de miseráveis;
bravos
a encontram
dão-lhe nomes
vidas
referências
nem crueldade
dispersa
a certeza
da luta
no horizonte
o lastro
na trilha
o sonho
resta a dama
intacta
que até
a última
gota
clama
por justiça
FACE E VERSO
A palavra me transporta.
Na folha de papel em branco
escrevo-me e anoto minhas cicatrizes
nem mais, nem menos
mais gente a cada traço,
menos exigente a cada pedaço
que deixo em branco
O instante em mim transborda.
No vazio que descubro e acoberto,
num jogo de esconde-esconde,
revelo minhas faces e desvendo meus temores
se fujo de amores, também aí me refugio
até tomar posse do verso
que dorme no poema que nasce
enquanto durmo
Amor ao quadrado
Arde o sol lá fora a anunciar o calor
Explode em ardor no despertar da aurora
Lembrando que o outrora passou, foi embora
e deixa que o agora mostre seu valor
Em tal esplendor que ao mar remete em cor
Espreita o torpor de desbravar a hora
Da vida, senhora a fazer-se metáfora
Nesse azul que ancora sonho, riso e dor
Sem medo ou pudor tinge de ouro o ar
Atiçando o olhar de quem sabe existir
Para resistir a dele se furtar
Se aqui já foi mar fez o céu refletir
Deixou ao partir no céu um outro mar
Do Cerrado o par se saudades sentir
Comentários
Postar um comentário