CATORZE HAIKUS DE NARA FONTES

 








no moinho

tempo move

roda d’água

 

***

 

no monjolo

água

bate pilão

 

***

 

água no monjolo

pilão pisa

o milho

 

***

 

roca roda

fio cresce

tece la lana

 

tramas traem

soledad

 

 

bola de gude

risco na terra

menino observa

 

***

arco no dedo

projétil de vidro

flecha no alvo

 

***

 

rotas de fuga

catetos de dedos

linhas cruzadas

 

***

 

bermuda listrada

joelho no chão

jogo de olhares

 

***

tira de Mafalda

tira lejos

la oscuridad

 

***

a Mafalda

no le hace falta

tradución

 

***

Quino quedó

despierto

duerme la luna

 

***

mundo redondo

trae el hambre

adelante

 

***

sin embargo

sigue la trampa

en la rampa

 

***

rendirse al riso

aunque

sin sonrisa

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POESIA

"A poesia parece estar mais do lado da música e das artes plásticas e visuais do que da literatura. Ezra Pound acha que ela não pertence à literatura e Paulo Prado vai mais longe: declara que a literatura e a filosofia são as duas maiores inimigas da poesia. De fato, a poesia é um corpo estranho nas artes da palavra. É a menos consumida de todas as artes, embora pareça ser a mais praticada (muitas vezes, às escondidas). Uma das maiores raridades do mundo é o poeta que consegue viver só da sua arte. Há dois mil anos, o poeta latino Ovídio dizia que as folhas de louro (com as quais se faziam coroas para poetas e heróis) só serviam mesmo para temperar o assado. E como poderia ser diferente? Como encontrar um modo de remunerar o trabalho e o ofício de um poeta? Rilke ficou treze anos sem fazer um único poema; Valéry, vinte e cinco anos! Outros consumiram boa parte da vida escrevendo uma obra (sem exclusão de outras) : Dante, vinte anos para a Divina Comédia; Joyce, dezessete, para a
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