DOIS POEMAS DE MÁRCIA TIGANI
EPÍGONO
Passa o tempo
espaço-tempo
entre ranhuras
marcadas na pedra.
Passam aves retirantes
no enfrentamento do mundo.
Passam escamas
enxertos de pele
rendilhas enlaçadas
lançadas ao vento.
O rosto no enquadre:
rugas tremeluzem
em seu ancoradouro
(perfeita carnadura).
Fios de cabelo prata
passam enovelados
Nervuras reticentes
nas mãos engelhadas
passam com desatenção
Preparem
escalda-pés:
telenergética forma
de adiar a morte .
O OLHO DO POEMA
O arquétipo na palavra
rima que não
versa
canteiros espirais
na forja do arqueiro
.
Sépalas sem nervuras
lisérgico pensamento
Assimetria de
ossos
verbo em sinergia
.
Lâmina corta verso
vento sopra em procela
Colar concha coral
no olho do
poema .
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