UM POEMA DE EVILÁSIO JÚNIOR

 








PÉTALAS DE PEDRA  

 é necessário renascer nesta coivara de agonias

ser semente selvagem

rasgar a aridez do solo

 

mesmo com a carne lambida por mil sóis

fazer das unhas garras

arranhar o fundo da terra

 

é preciso remendar as arranhaduras do tempo

assobiar preces aos pássaros

antes do último voo

 

semear as asas esvaídas no verão

ver o renascimento das coisas

neste caminho de cinzas

 

nos lábios ressecados aparecem pétalas defloradas  

flor de carne que pulsa a palavra dura feito pedra

linguagem de lâmina amolada na dureza da garganta

 

dentes afiados retalham o silêncio farpado

olhos recolhem ausências deixadas pela estiagem

mãos acolhem as feridas que germinam nos calos.

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