UM POEMA DE DANIELA PACE DEVISATE
HORTUS CONCLUSUS Em sonho invadi o teu jardim fechado. Enveredei por uma das quatro alamedas que levavam ao centro da fonte rumorejante. Sentei-me à sombra de uma oliveira antiga onde o Amor e a Pureza entrelaçavam seus caules. Num caduceu silvestre um roseiral florescia em pleno inverno. Lá colhi a flor que nunca morre. Ela era transparente mas às vezes se tingia com a cor mutável das nossas auras. Guardei a flor junto ao seio e ela perfumou o leite que escorria sobre o Livro de Horas. Assim alimentei a criança que tinha na testa a insígnia do sol. Depois que ela adormeceu deitei-a em seu berço de relva. Chamei o unicórnio abracei-o beijei-o montei em seu dorso e voamos de volta. As lágrimas de antecipada saudade me nublaram a visão: quase perdi a porta estreita por onde devia regressar ...