DOIS POEMAS DE PAOLA SCHROEDER
BAILAORA Entre duas águas minha língua nada vale. Encantadora de peixes: desnuda, molhada. Desejo mergulha no vácuo de meus seios. Tantas pernas, tantos olhos revirando seixos. Aganju gira em meu epicentro nossa moeda intacta na borda. Pacífico me abre a boca desdentada. Nada de timoneira; minha proa largada. Corais que me comem as pernas, onda feito manta. Seu olhar transcorre as cordas de minha garganta. A mim nem os passos, nem os dedos Para você, bailaora... nunca mais terra. Ela se faz sereia, me encanta. Não me importo de me afogar LUNDU Filho destoa da pele, das orações de sua mãe. Segue rumo ao abismo sem documentos. Na cintura o cassetete brilha mais do que a arma. Sociedade agarra a supremacia nos dentes feito cão de boca espumosa que balança a carne. As vendas não servem justiça...