TORDESILHAS Minha dor adormece na areia Em praias ocres de utopias. Minha dança é uma sardana, num mundo desigual Terra e homens são ilhas Segregados por cores Meridianos separam e demarcam territórios Mas a minha língua é varia e encontra seu tempo no verso E o verso subverte a latitude para expressar em voz a dor universal. * * * Um barco absoluto e tardio arrasta velas e âncora entre sorrateiras ondas e sorrisos de anêmonas... Anseiam por terra à vista, morte e vida à espreita, Entre a brancura da espuma E o agudo lamento das baleias. As velas, esguias, insolentes desdobram-se no tempo: em tempestade e calmaria cumprem seu destino ao vento A âncora, inerte em seu sono de ferro, na quase paciência de mãe, aguarda o momento certeiro de firmar seu filho ao chão Âncora, esperança em cruz, mão em desvelo, silenciosa elemento atento, mudo, Imagina portos lendários Seguem juntas, em meio a cordas Ao anc...