DOIS POEMAS DE MAURÍCIO SIMIONATO
ESPOROS Ferida de gente. Feita de coisas que nos tocam, agarra-se naquilo que nos salva. Quando saiu ao sol, deitou-se ao nosso lado sem trazer respostas. Veio como esporos ao vento. E se decidir partir? E se partiu entre nuvens? Cansada de ouvir preces. desgastada por indiferenças. leva-nos aos seus labirintos, faminta como Artêmis. Testa-nos diante ao desejo de caos. Respira por nós o cheiro da chuva por vir. Mostra os devires que nos expõem à vida. Embrulha os homens em visões de abismo, e reconhece-o como reflexo nunca visto. Mantêm os olhos abertos ao nos ver passar. Voltada às coisas que não vemos. Socorre-nos, enfim, de um fim do mundo qualquer. É sagrada ao buscar perder-se: aqui, no único tempo que existe. Sempre a um passo de salvar-se de nós, a fé deixou-se ir, sabendo que voltaria: renovada. Se há de seguir, nos seguirá. FUMAÇA & BELELÉU ...